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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

ARS LITTERARIA (4) : (Re)Visitação de Miguel Torga na BNP


Tor(g)a!, Tor(g)a! Tor(g)a! - homenagem a Adolfo Rocha (1907-1995)


É hoje inaugurada, pelas 18h, na Biblioteca Nacional de Portugal, a principal exposição comemorativa do centenário do nascimento de Adolfo Rocha (1907-1995), médico para os seus pacientes, escritor Miguel Torga, para os seus leitores e para a posterioridade.

Mais ainda do que os livros de poesia e de contos, pelos quais é sobejamente conhecido, vale a pena ler o seu Diário, que é uma espécie de autobiografia em 16 volumes, em que a prosa é alimentada pela poesia e vice-versa, mas acima de tudo e simultaneamente uma reflexão-crítica e um testemunho consciente e informado da nossa história recente, com particular enfoque no salazarismo, do qual foi destacado opositor.

A presente exposição não se esgota na obra conhecida, nem tão pouco na menos divulgada, mas visa também revelar a dimensão do homem íntegro que foi Miguel Torga (pseudónimo que adoptou a partir de 1934, explicitdo na sua obra A Terceira Voz, sendo o pronome em homenagem a dois grandes vultos literários, Miguel Cervantes e Miguel de Unamuno, e Torga por identidade com uma urze da montanha existente na sua terra-natal (S. Martinho da Anta, no concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, em Trás-os-Montes)

Transcrevendo:

«Promovida pela Direcção Regional de Cultura do Norte e comissionada por Carlos Mendes de Sousa, esta exposição, que percorrerá várias cidades de Portugal e Espanha, é um dos elementos mais importantes do programa nacional de comemorações do centenário do nascimento deste nome maior da literatura portuguesa.
Os materiais ora apresentados correspondem a uma parte substancial do espólio do autor, doado em 2004 pela sua filha (Clara Rocha) a Coimbra para que ficasse na casa-museu recentemente inaugurada, incluindo raríssimos manuscritos de poemas conservados pelo poeta, dactiloscritos com emendas à mão de prefácios e contos, 1ªs edições – algumas ainda com o nome civil antes do aparecimento do pseudónimo em 1934 –, traduções para diversas línguas, bem como, cópias de cartas do autor para diversas personalidades. A exposição mostra ainda 2 retratos de Miguel Torga (por Guilherme Filipe e Isolino Vaz) e inúmeras fotografias.


Síntese biobibliográfica:
Adolfo Rocha nasce na aldeia de S. Martinho da Anta em 1907. Concluída a instrução primária (1917), entra para o Seminário de Lamego de onde sai em 1920 para trabalhar na fazenda de um tio paterno no Brasil, local onde escreve os seus primeiros versos (1924). Em 1925 regressa a Portugal e conclui em 3 anos os sete de liceu, matriculando-se em 1928 na Faculdade de Medicina de Coimbra. Durante o curso (1928-1933) funda a revista Sinal e colabora na revista Presença com a qual vem a romper em 1930. Em 1934 adopta o nome literário de Miguel Torga com o qual assina A Terceira Voz. Em 1936 funda a revista Manifesto e entre 1937 e 1939 publica 4 livros de A Criação do Mundo cujo último volume (O Quarto Dia) foi apreendido e determinou a sua detenção no Aljube. Em 1940 casa com Andrée Jeanne Françoise Crabbé e estabelece consultório em Coimbra. São dos anos de 1940 a 1944 alguns dos seus textos em prosa mais conhecidos: Bichos (1940), Contos da Montanha (1941), Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes) - Conferência (1941), Rua (1942), O Senhor Ventura e Novos Contos da Montanha (1944). Entre 1945 e 1991 publica 7 obras em prosa, 2 peças de teatro e 9 obras de poesia. Os 16 volumes do seu Diário são publicados entre 1941 e 1993.
O seu empenhamento cívico leva-o a participar nas campanhas de candidatura à presidência da República do General Norton de Matos (em 1949) e de Humberto Delgado (em 1958). Recusa o prémio Almeida Garrett que obteve em 1954 e realiza múltiplas viagens pela Europa (1950, 1953 e 1958), Turquia, Norte de África (1953) e Brasil (1954). Proposto como candidato ao Prémio Nobel da Literatura em 1959 (e de novo em 1978), virá a recusar o Prémio Nacional de Literatura em 1969, aceitando neste mesmo ano o Prémio literário Diário de Notícias. Distinguido com vários prémios internacionais (como a Condecoração de Oficial das Artes e Letras, da República Francesa, em 1989) é alvo de múltiplas homenagens e distinções nacionais entre 1978 e 1992, destacando-se as dos 50 anos da sua actividade literária (1978), o prémio Camões (1989) e o prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992), entre outras.»
Cf. http://www.bn.pt/agenda/evento-torga.html

A exposição decorre entre 10 de Setembro e 12 de Outubro, podendo ser vista das 10h às 17h. Entrada livre.
Local: Biblioteca Nacional de Portugal - Campo Grande, 83 - Lisboa. Metro: Entrecampos

In memoriam ephemera
(programa das comemorações): http://drcn.do.sapo.pt/

In memoriam perennis
(antologia, bibliografia, biografia, fotos, etc.):
Miguel Torga (1907-1995): a voz do chão / Teresa Sobral Cunha
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